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Por quê implementar um plano de GPI?
Os municípios e outras entidades gestoras de sistemas urbanos de água gerem o maior conjunto de infraestruturas do mundo, sendo as infraestruturas urbanas de água a parte mais valiosa dessas infraestruturas. O envelhecimento e a degradação das infraestruturas são inevitáveis devido a diversos factores; os requisitos de desempenho são por seu lado cada vez mais exigentes e a preocupação com a sustentabilidade dos sistemas crescente.

Em particular, onde os sistemas urbanos de água foram instalados há mais tempo, as infraestruturas estão a atingir níveis alarmantes de atraso na manutenção e reabilitação. O custo de substituição dessas infraestruturas é muito elevado, e o diferimento da manutenção e reabilitação tendem a continuar a agravar-se com o tempo. 

Os actuais gestores e engenheiros devem estar preparados para lidar com uma grande diversidade de desafios, os quais incluem: alterações climáticas, escassez de recursos hídricos, expectativas sociais crescentes, desenvolvimentos tecnológicos e outros desafios relacionados com a saúde e risco. A limitação de recursos impõe a necessidade de procedimentos eficazes e eficientes de manutenção de sistemas, para os quais uma gestão integrada e sustentável é essencial. Como sector estratégico com grande relevância social e económica, é vital que os serviços urbanos de água sejam geridos de uma forma mais racional e eficiente do que aquela que tem sido presentemente. Sem uma gestão avançada e rigorosa das infraestruturas, não será possível assegurar níveis de serviço adequados no futuro, em particular no que diz respeito ao abastecimento de água fiável e de elevada qualidade, utilização inteligente dos recursos naturais e prevenção da poluição e cheias em ambiente urbano.

Uma abordagem estruturada de GPI pode ajudar uma entidade gestora a...

  • Garantir a sustentabilidade de níveis de serviço adequados;
  • Clarificar e justificar as prioridades de investimento;
  • Encontrar um equilíbrio entre desempenho, custo e risco no curto, médio e longo prazos;
  • Utilizar de forma sustentável os recursos hídricos e energéticos;
  • Planear a adaptação dos sistemas às alterações climáticas;
  • Privilegiar a reabilitação das infraestruturas existentes, sobre a construção de novas, sempre que possível;
  • Fomentar o investimento e os ganhos de eficiência operacionais.

As suas infraestruturas urbanas de água são geridas estrategicamente?

A sua organização tem estratégias claras que tenham em conta (i) o contexto externo global e a sua evolução a longo prazo; (ii) as circunstâncias organizacionais e infraestruturais da organização; e (iii) as demais partes interessadas?

A GPI é a arte de encontrar o melhor equilíbrio entre desempenho, custo e risco, entre as diferentes soluções para os sistemas e para o serviço.

Conhece bem os seus sistemas?

Não é possível gerir o que não se conhece. A melhor base para uma correcta GPI é um cadastro completo e actualizado das infraestruturas. Para assegurar uma boa qualidade de serviço, ter-se-á que identificar as necessidades e expectativas dos consumidores e avaliar a qualidade do serviço prestado. No caso específico de sistemas urbanos de água, é necessário analisar o funcionamento hidráulico dos sistemas, bem como analisar do ponto de vista da qualidade da água. Estes sistemas são muito mais que o somatório dos seus componentes; analisar o desempenho dos componentes individualmente não garante que o sistema desempenhe a sua função de forma adequada.

Se pretende gerir de forma apropriada o risco de falha de serviço, necessitará de um histórico fiável de registos de falhas e condição da infraestrutura. Se pretende racionalizar investimentos, necessitará conhecer o custo actual da infraestrutura, o custo de substituição e os custos de O&M, tendo em conta toda a vida útil da infraestrutura.

Tem objectivos e metas claras para a gestão das suas infraestruturas?

É essencial que sejam definidos objectivos claros e coerentes para toda a organização, aos níveis estratégico, táctico e operacional. Cada objectivo deverá ser avaliado através de critérios, medidos através de métricas, e estabelecidas metas quantificáveis e específicas com base nas métricas anteriormente definidas.

O seu plano e acções decorrem dos objectivos e metas definidos para a organização?

As entidades gestoras de sistemas urbanos de água são, regra geral, organizações estratificadas, onde nem sempre é fácil garantir a consistência entre a visão da organização, o conhecimento técnico disponível dentro da organização e o dia a dia da gestão da infraestrutura. Faz sentido alinhar o planeamento táctico (curto/ médio prazo) com um conjunto de realista de objectivos estratégicos de longo prazo; faz igualmente sentido que os esforços operacionais não se dispersem dos objectivos definidos no planeamento táctico.

É essencial que a definição dos objectivos e metas estratégicos, tácticos e operacionais da organização, e que a monitorização e revisão sejam efectuados a cada um dos nível, consistentemente.

Investir para melhorar o seu sistema: como gerar, comparar e seleccionar alternativas de intervenção?

Muito poucos sistemas urbanos de água apresentam configuração ideal, dimensionamento optimizado, desempenhos hidráulico, de qualidade de água e energético óptimos, dimensão e localização de estruturas de armazenamento óptimas. Por que é que a GPI é ainda frequentemente confundida com o processo de priorização de substituição de condutas ou colectores ou, mais genericamente, componentes? A substituição sistemática like-for-like (L4L) melhora a fiabilidade dos componentes individuais, mas pode perpetuar algumas das deficiências do sistema. Por exemplo, a maioria dos sistemas de abastecimento de água com funções paralelas de combate a incêndio apresenta diâmetros que são muito elevados para cumprir com os requisitos de abastecimento de água em condições normais. Em áreas residenciais, este facto faz, muitas vezes, com que a velocidade de escoamento seja muito baixa e que, por esta razão, o desempenho em termos de qualidade da água possa ser também reduzido. Substituindo as condutas por outras de diâmetro equivalente, nada é feito para resolver este problema. No entanto, o mesmo investimento pode ser direccionado para introduzir alterações progressivas na configuração da rede, resolvendo assim também este problema.

Uma correcta GPI define-se como a melhor utilização possível dos recursos disponíveis, ao longo de um horizonte de planeamento, no sentido de encontrar o melhor equilíbrio possível entre desempenho e risco. Existem muitos caminhos para melhorar o desempenho de sistemas urbanos de água ou apoiar o controlo de riscos potenciais (e.g., o risco de interrupção de serviço ou o risco de perturbações na qualidade da água); existem também combinações de intervenções que maximizam os benefícios, em face dos custos de investimento. É, por isso, essencial que várias alternativas de melhoria dos sistemas sejam exploradas e comparadas, quantitativamente e de forma sistemática.        

Implementação de uma metodologia GPI

A GPI procura a melhor utilização dos recursos disponíveis, um princípio válido tanto quando estes são abundantes como quando escasseiam. A GPI não se restringe apenas à utilização de software, por melhor que este seja; sem dúvida que o software pode ajudar em algumas partes do processo, mas há uma dimensão organizacional que é fundamental para articular os vários níveis e competências de uma entidade gestora, de forma a atingir o melhor alinhamento possível entre recursos e esforços.

Uma abordagem GPI estruturada só vai demonstrar o seu verdadeiro potencial quando abranger e for implementada por todos os níveis de decisão da organização, desde os gestores de topo, passando pelos departamentos técnicos, até às acções operacionais. O elemento-chave é o envolvimento das pessoas que conduzem o esforço estruturado de planeamento. Os registos de dados são a base: não espere para começar a melhorar a qualidade e cobertura dos dados dos componentes físicos dos sistemas, da sua condição e das suas falhas.

A GPI é um esforço de longo prazo: é importante definir uma visão clara, evitar a complexidade e ir dando passos, pequenos se necessário, mas firmes.

 

A metodologia AWARE-P de Gestão Patrimonial de Infra-estruturas (GPI)
A metodologia AWARE-P e as suas ferramentas incorporam os princípios de GPI resultantes da mais actual investigação e recomendados e adoptados pelas mais avançadas entidades gestoras de sistemas de água urbanos.

A metodologia aborda a GPI como um processo de gestão baseado em princípios PDCA (Plan, Do, Check and Act), requerendo o melhor alinhamento possível entre objectivos estratégicos e metas, e as verdadeiras prioridades e acções a implementar. Toma explicitamente em conta o facto de que uma infra-estrutura de abastecimento de água ou de drenagem de águas residuais e pluviais não pode ser considerada da mesma forma que outras colecções de componentes físicas de sistemas: a infra-estrutura tem um funcionamento dominante como sistema (i.e. componentes individuais não são independentes entre si) e, enquanto conjunto, não tem uma vida finita - não pode ser substituído na sua totalidade, apenas componente a componente. A metodologia permite avaliar e comparar alternativas de intervenção a partir de perspectivas de desempenho, custo e risco, ao longo de todo(s) o(s) horizonte(s) de análise, tendo em conta os objectivos e metas definidos. Em suma, o objectivo da metodologia de GPI AWARE-P é apoiar as entidades gestoras de sistemas urbanos de água na procura de respostas às seguintes questões:

  • Quem somos no presente e que serviço prestamos?
  • O que possuímos em termos de infraestruturas?
  • Onde queremos estar no longo prazo?
  • Como vamos lá chegar?
Para uma descrição mais detalhada, descarregue o artigo Alegre et al.(2011), AWARE-P: uma abordagem integrada para gestão patrimonial de infra-estruturas de sistemas urbanos de água (em português) a partir da página de Downloads, os guias de GPI na mesma página, ou veja a apresentação abaixo.

The AWARE-P approach

Clique sobre a figura para ver a apresentação (em inglês).